Estima-se que cerca de 520 mil pessoas foram afastadas por auxílio doença no Brasil nos últimos seis anos. O número é surpreendente e mostra a necessidade de olharmos de maneira sistêmica para essas doenças e o acompanhamento de todo o processo de afastamento.
Feito a partir de uma visão sistêmica, o acompanhamento amplia em muito as possibilidades de bons resultados na ajuda a que se propõe. Ao direcionarmos o olhar para o todo, é possível um diagnóstico médico mais preciso e o oferecimento de procedimentos eficazes, o que acelerará o retorno ao trabalho.
Inclusive, empresas que lançam mão da aplicação da técnica das constelações familiares no ambiente de trabalho colhem bons resultados ao evitarem que os funcionários sofram com males como a depressão, uma das doenças que mais geram pedidos de afastamentos.
O Direito Sistêmico tem trazido muitas mudanças à rotina da advocacia. Para garantir a efetividade da aplicação das Constelações Familiares é preciso que advogados e clientes estejam abertos a esta nova teoria, que atua em um nível interno e reorganiza as estruturas familiares.
A rotina no escritório nos mostra que nem todos os clientes estão preparados para esta nova forma de trabalho. Muitas pessoas estão tão presas ao conflito que, ao vislumbrar a possibilidade da libertação, elas se recusam a dar continuidade ao processo ou adentrar a um outro nível de consciência.
Mas, quando o canal se mostra favorável à Constelação um processo muito profundo se inicia. Nas primeiras sessões aplicamos as perguntas sistêmicas para entender aquele sistema familiar. Nosso objetivo é fazer com que a consciência do cliente dê início aos ajustes internos.
Vivi uma experiência surpreendente com uma cliente que eu já acompanhava desde 2005. Com ela iniciei e ganhamos um processo referente a danos morais, por conta de assédio moral no trabalho. Todo o sofrimento vivido por ela resultou em uma doença ocupacional e posterior afastamentos pelo INSS.
Após mudança na lei e perder o benefício ela me procurou novamente, e senti que era a hora de sugerir a aplicação das Constelações. Ela esteve em meu escritório acompanhada do marido e, durante a nossa conversa sistêmica, ele percebeu que havia alguém excluído do sistema familiar. A esposa havia engravidado de gêmeos, mas uma das crianças faleceu durante o parto.
Naquele momento, quem estava excluído foi reintegrado ao sistema, em consonância às leis do equilíbrio, pertencimento e hierarquia. Passado algum tempo desta profunda experiência ela retornou ao escritório, já empregada e com a situação financeira sendo restabelecida, não necessitando mais do benefício. A relação com o marido também se transformou.
Esta experiência esclarece que a aplicação das Constelações não traz resultados óbvios ou diretamente relacionados ao conflito. Ela atua em um nível muito profundo de reequilíbrio dos sistemas familiares.
Janice Grave Pestana Barbosa –
Advogada com 28 anos de experiência na advocacia, consteladora sistêmica familiar pela Hellinger Schule – Faculdade Innovare de SP, Pós – Graduanda em Direito Sistêmico – Hellinger Schule – Faculdade Innovare – SP, Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 12ª Subseção da OAB/SP Ribeirão Preto