Como as Constelações impactam na Saúde, Prevenção das Doenças
Sophie Hellinger
Olá, tudo bem com vocês? Estamos aqui para mais uma entrevista muito especial, no Primeiro Congresso de Constelações Familiares. Eu tenho a honra de trazer, de entrevistar a Sophie Hellinger, que é a idealizadora, a criadora da Hellinger Schule e a co-criadora da Metodologia de Constelações Familiares. E é uma pessoa que tem levado as Constelações Familiares, junto com Bert Hellinger, o seu esposo, para o mundo todo. Hoje, pelo menos, 55 países trabalham com as Constelações Familiares. São mais de 100 livros publicados pelo Bert Hellinger. E é um trabalho que tem levado transformação. Que tem levado possibilidade de uma compreensão mais ampla da realidade. E hoje eu tenho a oportunidade de entrevistar, exatamente, a pessoa que está por trás dessa grande revolução do conhecimento, da saúde. E nós vamos falar especificamente sobre saúde hoje. Então, Sophie, um prazer estar aqui com você. É uma grande alegria poder estar levando esse conhecimento para o Brasil e para o mundo com a sua presença. E, incialmente, eu gostaria que você falasse um pouco da sua história e também da importância das Constelações Familiares e da evolução das Constelações Familiares.
O que é Constelação hoje? Essa nova metodologia, essa nova dinâmica, comparada ao que já foi? E qual a influencia das Constelações no mundo contemporâneo? – Eu mesma era uma buscadora. E para mim é um grande prazer estar aqui nesse país. que posso falar e dá algo de presente aos brasileiros. Porque o Brasil é um dos países que é um grande lugar para a espiritualidade. Obrigada Wallace! E eu estou aqui com prazer para dar uma pequena contribuição. Então, como uma buscadora eu estive viajando o mundo inteiro. O Brasil me impressionou muito com seus médiuns. Mas também, me assustava um pouco. E assim, fui buscando. E uma vez que parei de buscar, um amigo meu me recomendou um livro. Era um livro sobre Constelação Familiar.
Era o primeiro livro que fora publicado. E este livro abalou o meu mundo, pessoal. Antes eu era uma lutadora, queria alcançar as coisas. E em algum momento, me dei conta que já tinha alcançado tudo, como uma mulher, como uma pessoa bem sucedida poderia alcançar na vida. Mas não era aquilo que realmente me realizou, ou aquilo que realmente me preencheu. Como todos nós sabemos, coisas materiais são importantes. Sem dinheiro não se pode fazer nada. Se acordo de manhã com fome e a minha barriga dói de fome, então a espiritualidade não tem nenhum interesse para mim. Então, eu tinha uma segurança financeira e pensei que se tivesse dinheiro eu teria tudo que queria e eu estaria feliz. Mas, na verdade, era ao contrário. No passado, eu ainda tinha desejos, desejava alguma coisa. E, de repente, estava sem desejo algum. E o mundo era vazio para mim. Então, eu me dei conta de que alguma coisa estava errada. E assim, eu parti em busca. Porque tinha que haver outra coisa. E assim, esse livro chegou até mim e para mim foi como um terremoto. E a partir desse dia eu comecei a me dedicar a Constelação Familiar. Eu nunca pensei em me tornar pessoalmente uma Consteladora. Porque a minha função não é de Psicóloga.
E o problema de outras pessoas tão pouco me interessava. O que me interessava de fato era como uma pessoa pode ser feliz, pode ser bem sucedida e saudável. Então, eu fui confrontada com essa situação através dos livros. Eu, sozinha, não posso ser, ou me tornar, feliz. Para ser feliz e para tornar-se feliz requer a relação, a relação com pessoas. E se precisa de uma tarefa. E isso é o que preenche e realiza. E disso, você poderia, por exemplo, falar que tem amor por um trabalho. Que, aqui, por exemplo, eu gosto de trabalhar e gosto de estar a serviço. Caso contrário, não estaria trabalhando hoje. Porque o sucesso é o que também justifica a pessoa. Se a pessoa está de fato no caminho certo ou não. Se uma pessoa é bem sucedida, por exemplo, na profissão, não necessariamente eu terei esse mesmo sucesso no meu relacionamento. E não necessariamente eu terei saúde. Existem contextos muito profundos entre, sucesso, o amor e a saúde. E eu não acredito que não exista uma pessoa que não deseja o mesmo no mundo. Ser amado e poder amar. Ter sucesso, ter suficiente dinheiro.
E ter saúde. E se tenho tudo isso, então, são as melhores condições para que eu, então, possa buscar algo diferente e, de fato, também encontra-lo. Aquilo que me preenche internamente e me dá paz. E aí eu me dei conta que, uma vez que eu alcancei tudo isso, então eu estou do lado daqueles que podem dar. Enquanto eu estive do lado daqueles que tomam, eu sempre terei pouco demais. E ali, eu estou em contato com o pouco, com a escassez. E não em contato com o campo da absoluta abundancia. Então, hoje eu poderia falar que eu me sinto amada, eu sou amada e eu amo. Mas não é aquele amor condicional. Mas, pra atrair outro amor. Não é um amor que toma, é um amor que dá. Eu tinha esse sucesso profissional porque eu era capaz de servir e o meu serviço me dava felicidade. E talvez, essa também seja a consequência pro fato de que eu tenho uma boa saúde. Não podemos nem comprar o amor e nem a saúde.
E, na verdade, é aí que começa o trabalho da Constelação Familiar. O que é a Constelação Familiar? Numa Constelação Familiar se revelam as cosias que estão por trás, que não podem ser compreendidas pela mente racional. Uma Constelação Familiar abre um campo multidimensional. Dentro do qual se suspende tempo e espaço. E isso requer uma determinada postura com humildade. Quando uma pessoa chega até nós e ela demonstra determinado problema, então, primeiramente existe a pergunta “Eu posso, eu sou capaz de fazer algo por essa pessoa?”. “A própria pessoa permite que façamos uma intervenção?”. A pessoa pode dizer isso, talvez, mentalmente, conscientemente. Mas, como sabemos, hoje em dia, 95% daquilo que a pessoa acaba fazendo provém do subconsciente. Esses 95% são compostos por hábitos. E como, conforme eu ajo, eu penso, eu me sinto. E pode ser o caso, que uma pessoa assim, no seu subconsciente, diga não. A consciência diz sim. E se o Constelador não verificar isso anteriormente, pode ser que essa Constelação acabe passando pela pessoa como se fosse só um vento. E, uma pesquisa cientifica também demonstrou que a Constelação Familiar, de fato, ajuda em 75% dos casos. Porém, existem os outros 25%. Então, o constelador precisa fazer essa verificação. E hoje em dia, existem Consteladores no mundo inteiro. Pra mim, um Constelador, na verdade, é como um cirurgião dentro de um campo energético. E uma cirurgia determina uma postura humilde, ela requer atenção. E não se pode ter pena, porém se deve ter compaixão. E muita experiencia de vida. Eu também não consigo imaginar como uma pessoa com 22 anos de idade possa ser um bom Psicólogo. Ou com 25 anos possa ser um bom Naturopata. Existem profissões, nas quais o cliente se sente mais acolhido conforme há mais experiencia de vida dessa pessoa, desse profissional. Então, o que significa realmente Constelação Familiar. Nós hoje, nesses tempos atuais, como a Instituição Hellinger Schule, nos comprometemos com a Constelação Familiar original Hellinger. E qual a diferença com a Constelação Familiar clássica? Como era visto pelo próprio Bert Hellinger, no início, o problema de um cliente sempre tinha sua origem ou na família de origem ou na família atual. E, naquela época, pessoas na medicina ou pessoas da psicoterapia, ou pessoas que eram dessa área na verdade, aplicavam Constelação Familiar. Porém o que resultou no meio tempo, é que, na verdade, só pouco mais de 5% daquilo que Constitui a Constelação Familiar realmente é algo essencial dentro do campo da Psicoterapia ou das Terapias.
A Constelação Familiar é muito mais! Ela, é aplicada, por exemplo, nos negócios, na gestão. Aplicada nas organizações, na política. Ela é usada para experimentos e para verificação de produtos dentro da área da Educação, com a Pedagogia. Na saúde. E também dentro do Direito, com o Direito Sistémico. E claro que em todas as demais áreas da vida. E isso significa que, dentro de um tempo muito curto eu consigo receber uma resposta. Uma resposta que está no futuro. Se algo é possível ou não é possível. Se um relacionamento, por exemplo, com determinado parceiro ou determinada parceira, tem algum futuro.
O que sempre se esquece, no caso de uma relação de casal, é que tanto o homem quanto a mulher vem de uma família e de um sistema familiar diferente. Assim, são dois sistemas diferentes. Que não necessariamente se olham com bons olhos. E, cada filho, cada criança, está envolvido dentro de cada sistema. E, também, ela está totalmente entregue a esse sistema com amor e lealdade. E existe uma afirmação muito especifica. Que foi algo que Bert Hellinger descobriu. E esse problema é chamado de emaranhamento. Um emaranhamento é nada mais que do que, por exemplo: dentro de uma família uma pessoa é rejeitada e excluída por causa de determinado comportamento. Pode ser por causa de um evento como um assassinato. Pode ser algo relacionado a traição. Ou pode ser problemas com vícios. Alcoolismo. Problemas com jogos. Como, por exemplo, houve abortos. E dentro desse sistema, então, não se quer saber nada desses filhos abortados. Todas essas pessoas excluídas, que não são reconhecidas, nem amadas, nem incluídas no sistema, estão em algum lugar, dentro do tempo e espaço e estão esperando por essa inclusão. Porque Bert Hellinger reconheceu três ordens do amor. Que são, na verdade, três princípios básicos da vida.
Que são independentes da cultura, da religião, da idade ou de qualquer experiência feita por uma pessoa, individualmente. E uma dessas leis é: Uma pessoa que, em algum momento, pertenceu a esse sistema familiar, pertencerá para sempre. Não importa se essa pessoa está morta ou viva. Não importa se sabemos alguma coisa a respeito dela, se conhecemos a pessoa de duas ou três gerações anteriores. Se poderia falar que essa pessoa excluída, na verdade está ruminando dentro do sistema familiar. E está esperando por este lugar concedido a ela, que é um lugar próprio dela. Uma vez, que não pode haver nenhum lugar não ocupado, ou livre, desde o passado. Um descendente, um filho, precisa então, ocupar este lugar. E são estes os filhos, as crianças, que sempre tem um comportamento estranho. Porque acabam se comportando exatamente como as pessoas excluídas. Mesmo que esses filhos tenham os mesmos pais, existem algumas pessoas, irmãos, que podem verificar, que, por exemplo, entre quatro filhos que um casal pode ter, que um filho está diferente ou tem um comportamento estanho.
Por exemplo, um filho que reclama muito. Que está insatisfeito com a comida, que está insatisfeito com a atenção que recebe. E todos os demais irmãos poderiam até dizer, “Mas ele recebe até mais do que nós!”. Mas esse filho constantemente reclama. Essa criança moldará sua própria vida, exatamente conforme a vida deste membro anterior excluído. Provavelmente escolherá, inclusive, a mesma profissão. Vai querer viver no mesmo país, sob as mesmas condições. Desenvolverá as mesmas doenças. Terá o mesmo vício ou vai ser tornar um assassino. O destino se repetirá exatamente igual e então mais um filho é excluído. E não há a chance para que haja paz dentro desse sistema. E aí, nenhuma abordagem psicológica poderá ajudar. Porque, na Constelação Familiar não se trata em encontrar alguém culpado. Porque um cliente, ali, simplesmente se tornou vítima das circunstâncias. Existe um belo livro, que é sobre a Pedagogia. Que é para as crianças, para olhar para as almas das crianças. E neste livro se descreve exatamente como é o amor cego de uma criança. E como todas as crianças são boas. Todas as crianças são boas. E os pais são todos bons. Mas, por trás disso, existem dinâmicas, das quais o sistema não consegue escapar. Então, há eventos trágicos como suicídios, como problemas de vícios. E todos esses problemas podem, de maneira muito simples, serem resolvidos em uma Constelação Familiar.
Uma vez que uma pessoa sofreu o suficiente ela também está disposta a mudar alguma coisa. Se essa pessoa não sofreu o suficiente ainda, ela ainda se sente dentro desse impulso de lutar por esse membro excluído. E ninguém entende o que essa pessoa quer. Mas, é essa pessoa que se impõe. Ele não consegue enxergar e nem viver a própria vida. E a Constelação Familiar, especialmente na área da saúde, traz bastantes descobertas. No início, dentro do que chamamos Constelação Familiar Clássica, se tem um procedimento muito distinto do que como trabalhamos hoje. E isso, no início ajudou muitas pessoas e até hoje também é um fundamento desse trabalho. Porém, no meio tempo, fizemos grandes avanços. E nestes campos, nos quais nos movemos, que são esses campos multidimensionais, não existe um evento e uma resposta a ele. Existem, por exemplo, várias vidas que ali estão em joga e as conexões. Por isso há, como chamamos todo esse corpo de trabalho e com o qual trabalhamos dentro da nossa escola é a Hellinger Ciência.
E o que significa isso? A Hellinger Ciência, de fato, é uma ciência das relações humanas. E também reconhecemos nesse meio tempo, que por trás disso atua uma lei. E que não se trata apenas das relações humanas. As relações existem em todos os níveis. Seja entre animais, entre qualquer aspecto da natureza. Hellinger ciência é, portanto, a ciência das relações. Nenhum ser humano consegue viver sem relações. Nós só vivemos nas relações e através das relações. Isso significa pÉ claro que a ciência, hoje, diz que pra ser ciência precisa se comprovar algo por experimentos, que se pode replicar tantas e várias vezes. Mas, nós denominamos a Constelação Familiar e a Hellinger Ciência, de fato como uma ciência, porque nós talvez estamos dez, ou até vinte anos a frente da ciência conhecida. Porque dentro da Constelação Familiar temos a matéria, o corpo, a pessoa. Temos ali o espírito da pessoa. Temos o tempo e o temos o espaço. E tudo isso se revela. Porém, ao mesmo tempo, tempo e espaço estão anulados. Uma vez que entramos na Constelação. E aí, o essencial é a informação e não a matéria. E, na ciência comum, ainda se fazem comparações entre matéria e matéria. A relação entre coisas materiais. Então, se anula tempo e espaço, nós damos esse espaço, abrimos o espaço para a informação. E vemos então, como a matéria se revela. Como a pessoa se apresenta, está. Então, esse campo multidimensional é que, na verdade, toma conta dessa pessoa, desse representante dessa constelação e o movimenta. E assim, em relação a essa pessoa excluída, podemos retornar esse lugar à ela. E assim surge a paz a partir do passado. Dentro de uma Constelação Familiar tudo acontece no momento do agora. assado, presente e futuro no mesmo tempo.
Eu acredito que não seja muito simples compreender algo assim para quem nunca vivenciou, mas como eu já tinha dito, quando eu vi isso dentro da Constelação foi como um terremoto. Todas as coisas que, até então, eram muito importantes para mim e que tinham suas justificativas, foram reduzidas a uma informação muito pequena. E a Constelação é como se fosse um olhar para algo infinito. Que só se pode ficar parado maravilhando-se e com humildade. E uma vez que eu me entrego a isso, então eu serei tomado por esse movimento. E consigo me manter conectado em um compartilhamento permanente com esse campo de informações. E, exatamente ali, eu fiz uma descoberta muito importante para a área da saúde. Tenho uma amiga médica e ela disse que pessoas vem até ela com as mesmas doenças e os mesmos sintomas. E ela faz o mesmo tratamento, ou até faz mais do que só um tratamento e nada adianta. Então eu me pergunto o que pode ser a causa. Eu disse “Bem, eu não sei, mas podemos fazer uma Constelação!”. E assim realizamos em um dia as Constelações de cinco pacientes dela e o resultado sempre era igual. Aquela que pessoa que não podia se sanar, que não podia se curar, tinha um lugar equivocado dentro do seu sistema.
Qual é esse lugar equivocado? Era o lugar equivocado dentro da sequencia de irmãos. Por exemplo, era alguém, um paciente que dizia “Eu sou o primeiro filho!”. Porém, na Constelação se mostrou que essa pessoa, uma mulher por exemplo, que ela não era a primeira e sim a terceira. Que havia antes dois filhos. E assim fomos verificando isso. E após a Constelação, de repente, essas pessoas eram curadas. Então, isso, especialmente a mim, me deu coragem. E a minha amiga médica se assustou. “Eu preciso agora perguntar as pessoas quantos irmãos você tem?”. E eu disse “Bem, você pode fazer isso. Porém, esta lei do pertencimento, que quem pertenceu alguma vez, pertence para sempre, também inclui filhos que foram espontaneamente abortados ou que foram abortados com intenção. E, claro que pais não dizem aos próprios filhos “Bem, antes de você houve dois abortos.”. e na Constelação Familiar Clássica, naquela época Bert Hellinger também achava que os filhos abortados não diziam respeito aos irmãos. Que era apenas um assunto do casal. E não, hoje vimos que isso é um equívoco. Podem ser, por exemplo, também, irmãos gêmeos não nascidos. E há pouco eu falei com um Ginecologista nos EUA e ele disse que fazia pesquisas a respeito disso. E entre 35 a 45 pessoas, tiveram um irmão gêmeo que, dentro de um certo estágio na gravidez, se perderam. Então, pode ser que essa pessoa acaba sempre buscando alguém. Que, por exemplo, come em dobro. Que tem hiperatividade. Que sempre dorme com algum objeto que não se pode retirar dessa pessoa. São pequenos indícios dessa dinâmica. A saúde é muito mais do que apenas um bem estar físico. Porque se eu sou feliz eu tenho outro metabolismo no meu corpo. Através do meu bem estar, da felicidade, a própria consistência das substancias do meu corpo tem outra combinação. Eu tenho outra forma de desencadear hormônios. Por isso, na verdade, nenhuma pessoa pode dizer “Eu não tenho responsabilidade pela minha própria saúde!”. Cada pessoa é criadora e co-criadora da própria vida e da própria saúde. Se olharmos para nós mesmos, para nosso comportamento cotidiano com esse olhar e se estivermos dispostos a ver quantas vezes durante o dia eu estou indo contra mim mesmo e o que faço para me livrar do meu companheiro. Por exemplo, perseguindo essa pessoa com suspeitas, com medos, com preocupações, mas tudo isso é minha decisão. É a minha preocupação, é o meu medo, porque veio dessa determinada família.
Quando um homem e uma mulher se encontram e se não realmente tomarem uma decisão no coração, com toda profundidade e eu não sempre digo “Bem, na minha família se fazia assim, por isso você também tem que fazer…”. então, uma vez que um homem e uma mulher fundam um novo sistema, na verdade deveriam se esquecer da própria família, do próprio comportamento familiar. Mas, porque as pessoas não conseguem se esquecer disso? Porque não conseguem formar esse novo sistema? Então, para que o amor possa dar certo, essas pessoas acusam os seus pais. Da mesma forma como acusam os próprios pais, acusam a companheira, o companheiro. Então, apenas quando realmente existe uma grande gratidão em relação aos próprios pais, quando se reconhece que as coisas foram assim como foram, eu me torno grande, eu me torno forte. E quando eu olho para mim mesmo, eu também devo admitir que meus pais realizaram algo grande. E tudo que não foi bom, que me assustou, o que me fez chorar ou que me fez ficar triste, tudo isso acabou há muito tempo e está no passado. E se hoje ainda me comporto assim, como se estivesse naquele mesmo momento, naquele passado, então, na verdade, eu abri mão da minha própria vontade, da minha própria força, da minha própria responsabilidade e me sinto vítima das circunstancias. E então, nenhum amor pode dar certo.
Porque eu não consigo realmente sentir essa profunda gratidão pelos meus pais. Só porque eles fizeram uma ou outra coisa errada, ou diferente. Mas, de fato, não sabemos nada a respeito dos nossos pais. E hoje, de novo eu escuto alguém falar “Meus pais, o que eles fizeram?”. E eles todos tem essa ideia “Eu vou fazer muito melhor do que eles, muito melhor!”. Então, eu pergunto para uma pessoa assim “Você de fato está fazendo o melhor?”. E a resposta é “Não, claro que não. Eu sou pior do que eles?”. – Sophie, extraordinária essa sua abordagem. Extremamente rica. Deixa a gente contemplando e imaginando possibilidades.
Eu vou fazer uma pergunta para fechar essa nossa primeira parte da entrevista, tá? Eu estava aqui imaginando as leis universais. Nós temos a Lei da Gravidade, que mostra como os corpos caem. A interpretação do Newton, do Einstein. Nós temos a lei do Magnetismo, da Eletricidade. Então, são leis que regem a vida. E eu entendo hoje, sobretudo após sua abordagem, que a Constelação também é uma lei. Existe um campo que orienta, como se fosse um GPS. Orientando os relacionamentos dos seres humanos. No sentido de conduzirmos a uma proposta evolutiva. Uma proposta que esteja em comunhão como um todo. Então, eu acredito que o Berth descobriu, e você vem dando essa preciosa contribuição, é uma lei universal que está trazendo algo nos conecta. Que contribui para que a gente saia desses emaranhamentos. Então, eu observo que vocês trazem uma contribuição extraordinária para humanidade. No sentido de dizer que tem aí, como se fosse um GPS cósmico, uma orientação cósmica, que está o tempo todo nos conduzindo. Nos conduzindo para viver uma vida que faça sentido. E essa vida que faça sentido está muito ligada a questão da doação, do serviço. E a gente tem uma sociedade onde as pessoas estão procurando sucesso, mas elas estão querendo receber. Então, eu fico imaginando que a Constelação tem essa contribuição muito grande a dar, no sentido de trazer clareza pras pessoas. Ou seja, qual é o caminho real da prosperidade e do sucesso? Qual é o caminho real do Amor? Qual o caminho real da saúde? Seria isso?
A Pergunta seria, você considera que as Constelações fazem parte desse contexto das Leis Universais? Da mesma forma como a eletricidade, como o magnetismo… Isso, eu gostaria que você trouxesse a partir desse contexto, se você vê isso. Se nós poderíamos colocar as Constelações como uma das leis universais. Com uma importância tão grande como a força da gravidade, enfim, como o eletromagnetismo, como essas leis da Física?
– Como eu já tinha dito, a base dessa Constelação Familiar são os princípios básicos da vida. São três ordens básicas. Bert as chamou de Ordens do Amor. Talvez não soe muito científico, porém hoje em dia isso faz ainda mais sentido do que em qualquer outro momento. Porque notamos e sentimos que toda a humanidade está interconectada. Na China, depois de um congresso aqui no Brasil, vemos lá o resultado. É como se esses chineses tivessem participado de um Congresso aqui, ou vice-versa. Depois de um Seminário na China, eu chego aqui no Brasil e ali onde eu parei, posso continuar aqui. Isso significa que toda humanidade está interconectada em uma rede. Bert Hellinger chamava isso de Grande Alma. E dentro desta Alma é contida toda a humanidade. E como Descartes dizia “Não existia essa alma dentro de um corpo.”. então, eu me perguntei “como eu posso falar sobre isso de uma maneira mais simples?”, para falar dessa grande alma. Porque seria algo que eu teria que acreditar, ou apenas confiar. E eu não sou religiosa. Porque ser crente significa, na verdade, acreditar em algo do qual eu não sei nada. E como eu posso ter 100% de confiança em algo que não sei? Então, eu sou alguém muito curiosa e eu pergunto. Então, eu fui perguntando, “Como estamos, então, conectados?”. E ali eu também descobri “Cosmic Power”. E para mim foi uma revelação. Porque, na verdade, o que eu descobri com o “Cosmic Power” e com essa aplicação é que na verdade se trata da Primeira Lei. Porque a base de tudo para o ser humano é o ar e a respiração. Se não tivermos ar depois de três minutos vamos danificar nosso corpo severamente. A não ser que sejamos, por exemplo, um atleta de alta performance.
Então, o ar tem que conter algo. Que, na verdade, é a base e o fundamento de toda a existência. Porque proteínas que se encontram, células que se encontram e, por exemplo, a partir disso se dá o processo de fecundação. Algo respira ali. A mãe respira. E através dela respira essa criança. Podemos medir no ar, existe tudo que o ser humano precisa. E é composto por aquilo que o Universo tem. O ser humano é um ser eletromagnético. E se você tirar dele a eletricidade ele não vive mais. E se tirar dele o campo magnético, tão pouco vai viver. Ou ele vai se tornar doente, gravemente. Foi algo que vimo no caso dos astronautas. Que saíram do campo magnético da terra e voltaram e tiveram vários distúrbios. Então, podemos medir determinados processos dentro do corpo, como o Encefalograma, ou Cardiograma. E, ali, atuam a eletricidade e o magnetismo ao mesmo tempo. Porém, outro componente é o ar. E o que é o ar? Não podemos ter o ar em nossas mãos. É quase impossível prender o ar. Se falavam das Jaulas de Faraday, que fossem um isolamento completo. E no meio tempo, se descobriu que isso é um equívoco. Então, existem outros materiais que fazem esse isolamento. Por exemplo, o Alumínio. O alumínio tem um efeito muito grande sob nosso cérebro e sob nosso corpo. Dentro de várias vacinas existe o Alumínio. Isso seria algo responsável pelo Alzheimer.
E essa seria uma pergunta: Se o Alumínio isola completamente qualquer fluxo eletromagnético e se nós quando crianças pequenas recebemos vacinas, o Alumínio fica, simplesmente, dissolvido. Ou, existe algum contexto ali. São apenas questionamentos que eu coloco aqui. Por isso, eu acho que no Universo existem leis que ainda não conseguimos enxergar, de fato, compreender e manipular em toda sua profundidade. E, por isso, o “Cosmic Power” em combinação com a Constelação Familiar alcançam outro plano, um outro nível. E do que eu falo ali? Eu falo do nada. Eu falo do nada que contém tudo. Isso é bem famoso e conhecido o ensinamento do Tau, chinês. Dentro do livro Tau-Te-king. E se formos nos conectando com esse nada que contém tudo, naquele momento, nós nos damos conta que já não existe mais uma pessoa ali, diante de nós, que pode ser tocada. Aquilo que está diante de nós é sem condicionamento. Porque, se existe algo que não fala, se existe algo que não exige nada, você apenas se abre e se entrega. E isso significa servir. E se eu tenho essa postura, não importa em qual posição, não importa dentro de qual relacionamento. Eu olho nos olhos da pessoa e vejo esse nada. Naquele momento, quando consigo fazer isso, dentro de mim surge um calor incrível. E ali, é totalmente insignificante o que a pessoa faz. Se essa pessoa me dá, ou não me dá nada. Ali, eu estou em contato com algo muito profundo. Algo divino. Talvez seja essa Grande Alma. E ali, eu também me torno nada. E o que eu sou então?
Eu sou amor incondicional. Isso é o que me completa. Isso que me move. E me sinto unida a você. E não existe mais separação. Porque ambos somos eternos, somos sem fim. Uma vez existindo, existimos para sempre, em comum, dentro do amor. – Que lindo! – Quando eu digo então “Eu amo você!”, é um movimento completamente diferente, quando digo isso. E a outra pessoa percebe. Você consegue recebe-lo. E isso já não é tão minha responsabilidade. – Que maravilha! A compreensão que eu tenho, Sophie, é que você juntamente com o Berth, vocês estão estruturando algo com uma consistência, que é uma ciência dos relacionamentos, ciência da vida. Com uma compreensão maior. Estou muito feliz com esse trabalho que está sendo desenvolvido e sinto que, exatamente, é uma nova ciência. A ciência que nós temos. Com uma abordagem extremamente materialista, ainda não alcança essa perspectiva. Mas vocês estão falando de uma ciência. É algo que se repete e se repete. E a gente vai compreendendo. Nós temos ai uma ciência dos relacionamentos, uma ciência da vida. Que, da mesma forma, como as leis naturais são ensinadas na escola, eu fico imaginando que, no futuro, dentro de uma perspectiva de uma nova humanidade, a gente tenha isso, tenha esse conhecimento como uma base para as famílias, para as pessoas, paras as crianças. Então gente, nós vamos encerrar. Essa é a primeira parte. Vamos dar continuidade em outra entrevista com a Sophie, um conteúdo extraordinário. Então, nos aguardem, que tem mais uma entrevista com ela. Nós vamos entrar, aprofundar um pouco dessa parte. Do contexto da saúde dentro das Constelações Familiares. Até a próxima!